O perigo existencial de Bolsonaro

Texto escrito por O530 Carris PT

A eleição de Jair Bolsonaro para presidente do Brasil é um sério alerta para o facto de que populistas de extrema-direita, com os seus discursos baseados no ódio, põem a democracia e mesmo o mundo em risco.

Já se viu nos Estados Unidos da América com Donald Trump, onde tem levado a cabo políticas completamente sem sentido, e que muitas delas são baseadas no ódio, tais como a lei anti-imigração que restringe a entrada de muçulmanos ou a separação de pais e filhos migrantes na fronteira; na Polónia, onde tem sido levado a cabo a destruição do estado de direito por parte do governo do PiS (Lei e Justiça), que cada vez mais se comporta à margem das leis democráticas; e na Hungria, onde Viktor Orbán está a destruir a liberdade de imprensa e a atacar organizações não-governamentais por criticarem as acções cada vez mais autoritárias de Orbán.

Jair Bolsonaro é em tudo idêntico a esses populistas. Seja pelo facto de que tem um discurso contra os direitos humanos (populistas usam um discurso igualmente simplista, onde arranjam pretexto para eliminar qualquer grupo considerado indesejável por eles), seja pelo facto que ele defende autoritarismos, tal como a ditadura militar que regeu o Brasil de 1964 a 1985, defendendo mesmo torturadores do regime que foram responsáveis por torturar (e mesmo matar) várias pessoas acusadas pelo regime pelo simples facto de serem de esquerda, seja igualmente pelo facto de que ele é igualmente discriminatório no seu discurso (tal como outros populistas de extrema-direita), onde chega a afirmar que afro-descendentes “nem servem para procriar” ou que as reservas indígenas do Brasil atrapalham a economia.

Esse tipo de discurso já foi considerado como perigoso pela Organização das Nações Unidas, referindo que podem por em perigo certas parcelas da população do país, e que tem potencial para ser um perigo para o Brasil. Esse discurso tem um perigo existencial ainda maior, que é o de poder dar ainda mais força a outros populistas de extrema-direita, abrindo uma perigosa caixa de Pandora com consequências negativas para a democracia ao redor do mundo.

Infelizmente, Bolsonaro também é um perigo para o meio ambiente, visto que ele pretende acabar com as reservas indígenas, como já foi dito aqui, e pretende, com a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, permitir o desmantelamento da floresta amazónica, actualmente em perigo devido ás explorações agrícolas, que já são responsáveis por 70% desse mesmo desmantelamento, de acordo com a FAO. Ele também pretende retirar o Brasil do Acordo do Clima de Paris, como parte da sua visão nacionalista-fascista, tornando ainda mais difícil de alcançar o objectivo de conseguir a limitação do aumento da temperatura global em 2ºC.

O que se pode fazer para parar este perigo?

Como diz Rui Tavares na crónica escrita no jornal Público (aqui), resta a sociedade civil Brasileira (e também global) e os políticos que se opuseram a Bolsonaro para parar esta ameaça, lutando pelos direitos daqueles que estarão em perigo devido ás politicas regressivas de Bolsonaro, como os homossexuais, os indígenas e os afro-brasileiros, os mais pobres e especialmente as mulhares, lutando igualmente pela preservação da floresta amazónica, que é o pulmão do mundo, e ajudando os governos locais na preservação do ambiente no Brasil.